Debate no Comitê de Cultura
Assim que acordamos, fomos tomar café e, à tarde, sabíamos que ia ter programação. Por um instante, vencida pelo cansaço, cogitei ir apenas para as apresentações que aconteceriam à noite.
Não havia me atentado à programação do comitê, mas Laura, sempre atenta, falou: "vamos ao debate do comitê de cultura, é necessário". O pulo logo se apresentou, é claro. E ainda bem que fui.
No comitê havia uma roda com várias pessoas reunidas: mestres, mestras, lideranças indígenas, quilombolas, produtores culturais, oficineiros, artistas, fazedores de cultura.
Foi um debate extremamente importante. Nossos ancestrais estavam ali presentes: aqueles que fomentaram, por tanto tempo, os saberes populares, o folclore mineiro, as cantigas, as ervas medicinais, a produção orgânica, a cultura popular que não pode ser apagada.
Mas tem faltado recursos para que as folias de reis, o cortejo do boi-de-janeiro, os artistas continuem nesse caminho de partilha que mantém vivas nossas memórias.
Cultura é renda, emprego, saúde, caminho, sentido. E, se falta incentivo, falta também o fortalecimento das raízes que sustentam nossa história.

Debate sobre cultura popular no Comitê de Cultura - Vale do Jequitinhonha (Imagem: Arquivo)
Benção das Águas
Estava imersa nas atividades que o Festivale promovia: vivenciar a cultura popular, observar as características de cada folião, acompanhar os cortejos. Cada encontro era único. Quando se está de coração aberto para ser atravessado pela singularidade de cada povo, a gente sai abastecida de conhecimento e entende, de forma genuína, o que é viajar.
No momento de vida em que estou, recém-formada, percebo que é natural buscar caminhos de devolutiva. É também um processo de autointimidade, de retrospecto, de se conhecer. Nesse caminho de fortalecimento identitário, ter tido a oportunidade de viver o Festivale foi profundamente simbólico.
Porque é assim: cada contato com outras vivências dá sentido à vida e faz com que as ferramentas que adquiri na academia se transformem em algo maior, enraizado.
A espiritualidade sempre me acompanhou, se manifestando de diferentes formas ao longo da minha trajetória. Em Minas, senti ainda mais forte esse encontro, em cada casa, em cada prática, a fé se expressa de maneira viva, cotidiana. E por que falar da espiritualidade? Porque no Festivale acontece o cortejo da Benção das Águas.
Esse cortejo é mais que ritual: é uma afirmação de que o saber ancestral é cultura popular. É memória, troca, afeto, vitalidade. Foi assim que me senti. Participar me colocou diante de pessoas queridas, como a escritora Elza Soalheiro e a artista e educadora social Marina Maricota. Com elas, compartilhei trocas que ficarão guardadas, relembradas, contadas. A espiritualidade tem dessas: conecta a gente com pessoas que importam.

O cortejo me atravessou. Ali, me senti inteira, conectada. Foi um momento de reafirmar quem sou, meus valores, o sentido que quero dar ao meu caminho. E é tão bom se encontrar dentro da própria profissão.
Lavei meu rosto com a água de cheiro e ainda consegui trazer um pouco dela para casa, como lembrança e força de limpeza. Memorável, guardado com carinho e com caminho.
Folia de Reis, Boi de Reis e Congo
No nosso último dia de Festivale, tivemos o privilégio de acompanhar a Mostra de Grupos de Cultura Popular Geraldo Domingos. Foi lindo, único e profundamente marcante.
Entre tantas apresentações, conhecemos uma família muito querida que integra um grupo de Folia de Reis. O mais surpreendente é que o mestre que comanda a folia tem apenas 7 anos de idade. Durante o desfile, ele conduzia os foliões com firmeza e alegria. Ver uma criança assumir essa liderança foi como testemunhar o futuro se enraizando no presente.
Numa entrevista para a Rede Minas, ele contou que aprendeu sozinho a comandar a folia, porque, segundo suas palavras, “se os foliões me comandarem, a folia de reis não ia viver”.
E com essa segurança de mestre, explicou que além de tocar flauta, caixa e samba, também se dedica à construção dos elementos que dão vida ao boi: do bambu ao papelão, da cabeça de boi às fitas coloridas.

Esse encontro foi uma das imagens mais fortes do Festivale: a força da tradição se renovando nas mãos pequenas de uma criança, mas já carregadas de memória, saber e responsabilidade.
Cada grupo que se apresentou, de Folia de Reis, de Boi de Reis, de Congo, trouxe características próprias, ritmos, cores e vozes que permanecem vivas enquanto escrevo. Mais que registros, ficaram gravadas como imagens que se tornam quase visíveis pela força da lembrança. No fim, viver o turismo é isso: se deslocar, se permitir, aprender, viver e devolver
Escrevivência e futuro
Ah, e sobre Diamantina? Escrevi tudinho nesse artigo aqui: o que fazer em Diamantina-MG. Está lindo de ver e viver.
Viva o Festivale. Viva o Vale do Jequitinhonha. Viva Diamantina. Viva nossos saberes ancestrais, viva a cultura popular. Viva viajando, atravessando, permitindo que o corpo siga o curso do rio.
E que alegria poder representar a Real Seguro Viagem nessa jornada. Quando entrei para a Real ainda como estagiária, foi tão emocionante quanto viver o Festivale.
Na entrevista, conheci os sócios e Hugo se emocionou ao ouvir minha trajetória e meu propósito de vida. O mais curioso é que, depois de formada, esse propósito permanece o mesmo: seguir vivendo esse caminho que sempre foi meu.
A Real acreditou em mim desde o início, valorizando princípios sociais como prioridade, e hoje, formada e jornalista, pude concretizar e reafirmar meu lugar aqui. Me sinto privilegiada por estar ancorada em uma empresa que não só prega, mas vive esses valores no dia a dia.
A Real me assegurou, e se você também quer viajar protegido e tranquilo, faça sua cotação e descubra o seguro ideal para sua próxima vivência. Boa viagem, boa vivência.
__CALLTOACTION(COTAR)__