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Por Antonia Beatriz Pires • Real Seguro Viagem em 01/12/25 às 10:15.

RoadTrip na África do Sul: a viagem que não fiz, mas já vivi mil vezes

O cheiro inconfundível de Renato Russo aos sábados de manhã. O carro azul marinho reluzente estacionado na calçada, tampando a vista da rua como um escudo de memórias. Aquele gel de morango enjoativo que deixava o interior do carro com cheiro de infância. E a estrada — sempre a estrada.

Era num Logan que brilhava de tanto que meu pai lustrava aos finais de semana que eu aprendi o que significa liberdade. Acordar com a voz do Renato Russo era o sinal: era sábado. Minha mãe lavando o tapete vermelho quadrado, estilo persa (só que nosso). O Max latindo para a mangueira ligada. E eu, descendo as escadas sonolenta, com aquele sentimento quente no peito: é sábado.

— Tá lá fora lavando o carro — minha mãe dizia, sem nem olhar. Já sabia a pergunta.

Eu corria até a porta. O carro azul marinho brilhava sob o sol da manhã, intimidador quanto meu pai, mas cheiroso como promessa de aventura.

— Bença, pai, bom dia! Vamos para a casa da vó hoje?

E ele, sorridente: — Só se vocês se apressarem.

Eu e meus três irmãos ficávamos eufóricos. Ir para a roça, onde meus avós eram caseiros, significava mergulhar num mundo de cheiros e memórias que guardo até hoje.

memórias da minha infância (imagem: Reprodução/IA)

Pé na Estrada

Eu sempre sentava no banco da frente — quando não precisava disputar com meu irmão mais velho, o Dudu. Como de costume, colocávamos a música da Alexia que era hit no momento: "uh la la la, I love baby, uh la la la la, me tonight". Cantarolávamos desafinados e felizes.

O carro do meu pai sempre quebrava na estrada. Parecia fazer parte do roteiro, mas até isso virava aventura. Nosso pedido silencioso era sempre o mesmo: se for quebrar, que seja no chão de terra, perto da barraca de Itubaina de saquinho. Delícia.

Chegávamos na casa da Vó Antonia com o rosto vermelho de fome e meu pai decepcionado pelo carro ter pifado de novo. Mas a gente? A gente estava radiante.

A roça dos meus sonhos

O chão era vermelho, daqueles que mancham o pé. Nos quartos, aqueles mosquiteiros coloridos de tule — às vezes amarelo, às vezes rosa, às vezes azul. Eu me sentia numa cama de princesa.

No quarto ao lado, ficava o quarto de costura da minha vó. Aquela máquina com roda era meu lugar favorito no mundo inteiro. No fundo do cômodo, uma porta engraçada de madeira que abria só a parte de cima. Eu me escorava ali, olhando o quintal: patinhos nadando num fio de lago, uma árvore de caqui carregada, o cheiro forte da criação de porcos misturado com terra molhada.

Ali, sentada na roda da máquina de costura, pisando no pedal e girando aquela roda de um lado para o outro, a mágica acontecia.

memórias da minha infância (imagem: Reprodução/IA)

E de repente: África do Sul

Pisando no pedal, girando a roda, pof! — de repente estou na estrada para a África do Sul.

A estrada é linda. As árvores acenam. O clima subtropical faz o sol esquentar, o asfalto brilhar. Calor. Preciso de água. Paro para beber, abaixo o vidro da janela e ali está: uma girafa me encarando, mastigando de um lado para o outro. Penso que ela também esteja com sede, mas logo se afasta ao me ver ali, paralisada com minha garrafa de água.

Como são as girafas na Africa do Sul? (Imagem: Reprodução/Canva)

Volto para a estrada. Ligo o rádio. Está tocando Clube da Esquina nº 2. O clima fica inconfundível. A brisa no rosto, mesmo pingando de suor. Olho para o céu azul, com nuvens que parecem contornar um rinoceronte. Milton Nascimento cantarola sem esforço: "uuuh uuuh uuuh".

Em seguida, Lô Borges entra cantando Paisagem da Janela: "vejo uma igreja, um sinal de glória, vejo um muro branco, e um voo de pássaro..."

Cantando junto, avisto uma lanchonete na beira da estrada com uma placa chamativa: Biltong aqui!

— É tipo carne seca curada, parecida com a que sua vó fazia — explica o senhor de boné azul, camisa branca meio encardida, com sorriso familiar.

Peço um refrigerante para acompanhar. Ele me entrega a minha memória nostálgica: Itubaina no saquinho.

Sento numa cadeira branca de plástico ao lado da barraca. A vista é inconfundível. Um safári de camarote, de graça. Enquanto o senhor prepara meu lanche, conta sobre a vez em que uma zebra invadiu a barraca dele.

Encaro aquela paisagem amarela, a diversidade do mundo tão perto e palpável. Dá vontade de correr em direção à savana. Respeito meu pensamento intrusivo e corro.

— Esperaaaa! Você não pagou e esqueceu de pegar sua comida! — grita o senhor.

— Calmaaa! Meu carro tá aí e eu já volto, só preciso sentir...

— Sentir? Sentir o que, Bia? — minha vó me chacoalha, pedindo para eu acordar. O almoço está pronto.

Essa foi a viagem mais próxima que fiz da África do Sul. E, sinceramente, preciso voltar. Ou melhor: preciso ir de verdade. E que seja para dirigir naquela estrada que parecia mágica.

Mas e quando o sonho vira realidade?

Se você, como eu, sonha em fazer um rolê de estrada (vamos trocar esse "roadtrip" por algo mais nosso, né?) pela África do Sul, prepare-se para uma aventura de tirar o fôlego. Mas antes de cair na estrada de verdade, tem uns detalhes que não dá pra ignorar.

Vamos ao que interessa: como dirigir na África do Sul de verdade, sem perrengue?

Documentos para dirigir na África do Sul (Imagem: Reprodução/Canva)

Documentos necessários para dirigir na África do Sul

1. Permissão Internacional para Dirigir (PID)

A PID é obrigatória para brasileiros que querem dirigir na África do Sul. Ela funciona como uma tradução oficial da sua CNH em nove idiomas (incluindo inglês, que é o que mais importa por lá).

Como tirar a PID?

Você tem duas opções:

Opção 1: Pelo DETRAN do estado onde sua CNH foi emitida

Opção 2: Pelo site do Automóvel Clube Brasileiro (ACBr) - carteirainternacional.org

A PID tem a mesma validade da sua CNH brasileira e deve ser apresentada junto com ela e com o passaporte sempre que você for dirigir. Saiba como tirar sua PID aqui!

2. CNH Brasileira (versão física)

A CNH digital geralmente não é aceita pelas locadoras. Leve sempre a versão física impressa, dentro do prazo de validade.

3. Passaporte Válido

Seu passaporte deve estar válido por pelo menos 30 dias após a data de saída do país. Leve sempre com você no carro.

4. Cartão de Crédito Internacional

As locadoras exigem cartão de crédito internacional em nome do condutor principal para o bloqueio da caução.

5. Certificado Internacional de Vacinação contra Febre Amarela

Embora não seja necessário para dirigir, é obrigatório para entrar no país. Vacine-se com pelo menos 10 dias de antecedência. Entenda como tirar o seu CIVP!

Mão Inglesa: É tão difícil quanto parece?

Respira fundo: não é tão assustador quanto você imagina. Na África do Sul, o volante fica do lado direito do carro e você dirige pela pista da esquerda.

Dicas para se adaptar:

Em poucas horas, o corpo se acostuma. Viajantes relatam que depois do primeiro dia já fica natural.

Regras de trânsito na África do Sul

Melhor época para o seu rolê de estrada

A África do Sul pode ser visitada o ano todo, mas a melhor época depende do que você quer fazer:

Verão (Dezembro a Março)

Outono (Março a Maio)

Inverno (Junho a Agosto)

Primavera (Setembro a Novembro)

Rotas cênicas imperdíveis: onde a estrada é a estrela

1. Garden Route (Rota Jardim)

A rota mais famosa da África do Sul vai de Mossel Bay até Storms River (cerca de 300 km oficiais), mas todo mundo estende até a Cidade do Cabo, totalizando uns 850 km de pura beleza.

Paradas imperdíveis:

Tempo recomendado: 5 a 7 dias (4 é o mínimo, mas vai ficar corrido)

Experiências únicas:

2. Panorama Route (Rota Panorâmica)

Caminho cênico de 72 km pela R532, na região de Mpumalanga, que corta o Blyde River Canyon (terceiro maior cânion do mundo).

Destaques:

Tempo recomendado: 1 dia (pode ser combinado com o Kruger)

Base ideal: Graskop, Sabie ou Hazyview

3. Route 62

Alternativa à Garden Route, essa estrada passa pelo interior semi-desértico e é repleta de vinícolas charmosas.

Aluguel de Carro: Dicas práticas

Média de valores: A partir de R$ 150 por dia para carros econômicos

Internet no Celular: essencial para navegar

Ter internet é fundamental. As estradas sul-africanas são bem sinalizadas, mas o Google Maps vai salvar sua vida nos desvios e paradas. Saia do Brasil já conectado com eSIM ou chip físico com a Real!

Baixe os mapas offline no Google Maps ou use o app Maps.me como backup.

Segurança na estrada

A África do Sul tem fama de ser perigosa, mas com alguns cuidados você viaja tranquilo:

A boa notícia: as estradas turísticas (Garden Route, rota para o Kruger) são muito seguras e bem conservadas.

Quanto custa um rolê de estrada pela África do Sul?

Estimativa para um casal (10 dias):

Item Valor aproximado
Aluguel de carro (10 dias) R$ 1.500 - R$ 2.000
Gasolina (1.100 km) R$ 600 - R$ 800
Hospedagem (média) R$ 3.000 - R$ 4.500
Alimentação R$ 2.000 - R$ 3.000
Passeios e entradas R$ 1.500 - R$ 2.500
Total R$ 8.600 - R$ 12.800

Dá para economizar hospedando-se em lugares self-catering (com cozinha) e fazendo suas próprias refeições.

Seguro viagem: Não viaje sem!

Olha, não dá pra falar de viagem internacional sem falar de seguro. E não é só porque é obrigatório (spoiler: não é, para a África do Sul), mas porque você vai querer dirigir, fazer trilhas, talvez até mergulhar com tubarões. Se algo der errado, o custo de atendimento médico por lá pode arruinar sua viagem (e suas finanças).

A Real Seguro Viagem é a primeira comparadora de seguros do Brasil e já assegurou mais de 2 milhões de viajantes. Com ela, você compara as principais seguradoras do mercado e escolhe a opção que melhor se encaixa no seu bolso e nas suas necessidades.

Por que contratar um seguro:

Dica esperta: Ao contratar pelo Real Seguro Viagem, você pode parcelar em até 12x e ainda comparar coberturas de forma clara e objetiva.

Meu checklist de viagem: Para não esquecer nada

Documentos:

Essenciais:

A estrada me espera (e você também)

Sabe aquela sensação de acordar num sábado, ouvir Renato Russo e saber que a estrada te espera? É isso que a África do Sul promete. Só que em versão amplificada, com girafas cruzando seu caminho, savanas que parecem pinturas, estradas que contornam o oceano e pores do sol que fazem você parar o carro só para respirar.

Eu ainda não fiz essa viagem "de verdade". Mas quando for — e vai ser em breve — vou lembrar de todas as vezes que girei a roda da máquina de costura da minha vó e me imaginei naquela estrada mágica.

A diferença é que dessa vez, o carro não vai quebrar no meio do caminho (espero!), e em vez de Itubaina de saquinho, vai ser um bom vinho sul-africano para brindar.

A estrada está esperando. E você, tá pronto pra cair na Real dela?

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Artigo escrito com carinho, memórias afetivas e muita pesquisa. Porque viajar é sobre sentir — e dirigir pela África do Sul é sentir em cada curva da estrada.