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Por Antonia Beatriz Pires • Real Seguro Viagem em 12/06/25 às 16:10.

Um Dia dos Namorados em Ouro Preto: crônica de uma viagem, um amor e suas memórias

Um relato para o Dia dos Namorados

Dia 12 de junho é o Dia dos Namorados e, pensando nos afetos que nos afetam, por que não recordar uma viagem a Ouro Preto que ainda deixa registros e saudade?

Era 18 de novembro de 2023. Eu e Rafa, meu ex-namorado, não sabíamos ao certo o que queríamos naquela época. Mas sabíamos que queríamos estar juntos. E talvez isso já bastasse para fazer a viagem valer. O destino? Ouro Preto

relembre essa viagem para Ouro Preto comigo (Imagem: Arquivo pessoal)

Em temporadas, Rafa saía do interior de São Paulo e cruzava 16 horas de estrada até Viçosa, Minas Gerais. Cidade universitária que me acolheu não só durante a graduação, mas também na minha formação enquanto pessoa.

Assim que ele chegou, decidimos por uma viagem próxima. Ouro Preto não era só uma possibilidade geográfica, era um desejo de casal. Pegamos carona até lá como quem pega carona na vida: sem muito planejamento, mochila nas costas e uma vontade enorme de se perder nas ladeiras. A conversa foi boa. A motorista, simpática, nos contava sobre igrejas, ladeiras, bolinhos e os segredos da cidade-  Ouro Preto sempre parece conter mais do que mostra.

Chovia muito. E a gente tentou fugir da chuva como quem tenta segurar um momento com as mãos. Mas não nos importamos com ela, nem cogitamos que poderia "estragar" o roteiro. Se a chuva veio, era porque precisava estar ali. Refrescou. Marcou.

Chegamos ao Airbnb, um casal nos recebeu com aconchego. A casa era uma extensão da cidade. Assim que largamos as mochilas, fomos procurar um pretexto: comida. E bastou uma calçada para a Maria Farinha se apresentar.

"Vamos lá? Parece bom! E foi.

O restaurante nordestino me ganhou no cheiro e no tempero. E o Rafa... bom, o Rafa estava ali, sorrindo enquanto contava alguma história exagerada, como sempre fazia. A comida parecia feita por alguém que ama. E talvez tenha sido mesmo. Tem coisa mais romântica que comida boa dividida com quem a gente gosta?

Depois da comilança, voltamos para descansar, ou tentar. Dois ansiosos, não demos 15 minutos de pausa. Partimos para explorar a cidade. 3Não era minha primeira vez em Ouro Preto, mas como era a primeira vez dele, vi tudo como se fosse também a minha. A cidade tem dessas, se reinventa. Visitamos igrejas, claro. Guardiãs de silêncios e passos lentos.

Se for a Ouro Preto, não deixe de conhecer o Maria Farinha (Imagem: Arquivo pessoal)

Entramos na Igreja Nossa Senhora do Carmo, considerada uma das maiores e mais belas da cidade. Um templo católico datado do século XVIII, com vista para o Centro Histórico e para o Museu da Inconfidência. O projeto, de Manuel Francisco Lisboa, foi posteriormente modificado, especula-se que Aleijadinho participou dessas alterações. O resultado: um esplendor do rococó brasileiro. Olhamos os detalhes, falamos pouco. Era mais o corpo que conversava,  mãos dadas, ombros colados, olhares cruzados.

Seguimos até a Igreja Santa Efigênia dos Pretos e depois até Nossa Senhora do Rosário. Eu, jornalista e roteirista. Ele, fotógrafo. "E se a gente fizesse um documentário?" - e ali nasceu uma memória registrada.

É fato: sempre fomos muito diferentes. E isso pesava na comunicação. Discutimos. Meu jeito direto, o orgulho dele. Nessa viagem não foi diferente. Brigamos. Mas algo bonito sempre existiu entre nós: a liberdade de sentir e expressar. E isso, sim, nos unia.

Voltamos bicudos, até que, no meio do caminho, uma mulher, dessas que surgem como aviso do universo, nos contou sobre um show de Mart’nália naquela noite no Sesc. Rafa, forrozeiro que só, logo se animou. Lembrou de "Cabide", dançou, sorriu. A leveza voltou. Fomos nos arrumar. E fomos para o show. 

Show da Mart'nália em Ouro Preto (Imagem: Arquivo Pessoal)

Mart’nália tem esse poder: transforma a vida em samba, mesmo quando a gente não sabe dançar. Dançamos. Desajeitados, leves, rindo de tudo e de nada. Por um instante, fomos só nós. E o mundo pareceu menor.

Na manhã seguinte, com os pés cansados e o coração leve, encontramos o Madá Cafeteria. Eu, feita de cafeína e contemplação, me senti em casa. Era acolhedor, bonito, com aquele silêncio bom de quem respeita o tempo das coisas. Tomamos café como quem sela um pacto: fazer aquele dia valer. Pedi waffle de pão de queijo. Ele, um sanduíche. Estava delicioso.

Gravamos mais do documentário. Mas a chuva apertou. Nós nos recolhemos. Brigamos de novo. A reconciliação? Um almoço no centro. No caminho, um artista de rua, um mímico, arrancou risos sinceros. Depois, mais café. Entramos no Beco das Flores. Aconchego, vista, cheiro bom. Pedimos café e bolinho de chuva. Era quase uma homenagem ao clima. Caro. Caríssimo. Mas havia poesia naquele prato que nem a fatura do cartão apagaria. Comemos ali, encostados na janela, vendo a cidade nublada e colorida ganhar tons de saudade.

Beco das Flores em Ouro Preto (Imagem: Arquivo pessoal)

Ouro Preto não sabia que estava sendo cenário de uma história que não duraria. Mas tudo bem. Nem tudo que é bonito precisa durar pra ser amor.

Hoje, eu e Rafa seguimos caminhos distintos. As coisas seguem como as ladeiras de Ouro Preto: cheias de curvas, descidas inesperadas, subidas que exigem fôlego. Mas quando penso naquela viagem, penso com carinho. Com uma saudade serena.

Talvez a gente tenha tropeçado em algo bonito demais para caber só em uma tarde, um café, um show ao ar livre. Mas tropeçamos juntos. E isso fez toda a diferença.

Porque algumas viagens duram mais do que os amores. E ainda bem.
Por isso, se um destino te chama, vá. Mesmo sem saber se vai chover. Mesmo sem saber se vai durar. Mas vá com tudo e com segurança.

Leve o coração, leve a mochila... e leve a Real Seguro Viagem junto com você.